Uma sinal na perna foi o que alertou o vendedor Marcos Roberto Xavier de que algo estava errado. A mancha que crescia com secreções, no mesmo local em que a mãe já havia diagnosticado um câncer, levou o vendedor a um dermatologista. Após cirurgia e biópsia, realizadas em janeiro, o choque: era um câncer de pele.

Logo Xavier iniciou o tratamento com medicações, cujas injeções são aplicadas três vezes na semana pelo atendimento oncológico da Faculdade de Medicina, seguidas por um novo procedimento cirúrgico, esse para retirar os linfonodos doentes. O uso dos medicamentos deve continuar até metade do ano que vem, e a utilização do protetor solar pelo resto da vida. Xavier não tinha o costume de se proteger e agora leva na pele as marcas do câncer.

“Tomava muito sol, sem me preocupar”, amarga ele, que teve que se afastar do trabalho para fazer o tratamento. O vendedor é outra vítima do câncer mais comum entre brasileiros, com 176 mil novos casos a cada ano. Para estimular o diagnóstico precoce, no próximo sábado ocorre a 17ª edição do Dia Nacional de Combate ao Câncer de Pele, o Dia C, promovido pela Sociedade Brasileira de Dermatologia. Em Pelotas, a estimativa é de realizar 500 atendimentos gratuitos, no Centro de Especialidades - rua Voluntários da Pátria, 1.428 - das 9h às 15h, com o auxílio de 80 dermatologistas voluntários.

Desde o início da campanha, em 1999, mais de 500 mil pessoas foram atendidas nessa ação que antecipa o Dezembro Laranja - mês de combate ao câncer de pele. Ano passado, 20 mil pessoas tiveram atendimento gratuito e 13,28% (2.651) delas apresentaram lesões, sendo encaminhadas para tratamento. No Rio Grande do Sul, estado com a maior incidência do câncer, o número chegou a 15,76%.

Diagnóstico e tratamento em Pelotas
Na cidade a taxa em 2015 ficou em 14,7%, bem acima dos 10,16% verificados em 2014. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), em caso de suspeita, a população deve se dirigir à Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima, onde passará por uma primeira avaliação. Os pacientes então recebem encaminhamento a dermatologistas, que definem os procedimentos seguintes, podendo envolver cirurgias e biópsias, informa a diretora da Gestão Ambulatorial e Hospitalar, Rosângela Soares.

A SMS oferece em média cem consultas com dermatologistas por mês e 350 para cirurgia geral. Após confirmado o diagnóstico, o paciente é encaminhado à primeira consulta com o oncologista, em um prazo de 30 a 60 dias.

É preciso estar atento
O câncer de pele pode se manifestar como uma lesão de aparência elevada, translúcida, com brilho, avermelhada, rósea ou acastanhada. Pode ter crosta, sangrar facilmente, ou ser uma pinta que mudou de cor e apresenta as bordas irregulares. Uma ferida que não cura e que cresce, com coceira, erosões ou secreções, também é sintomática da doença.

Segundo a dermatologista Fernanda Jaccottet Piriz, pessoas de pele e olhos claros, cabelos loiros e ruivos são mais suscetíveis a desenvolver o câncer, principalmente se passaram por muita exposição ao sol sem proteção adequada.

A doença é mais comum na idade adulta e entre quem tenha antecedentes familiares. Pessoas com sistema imunológico enfraquecido também têm mais chance de desenvolver. A orientação é para que as pessoas se examinem com periodicidade, consulte um dermatologista ao menos uma vez no ano - ou em caso de suspeita. Ao se expor, é essencial o uso do protetor solar, mesmo em dias frios e nublados, reaplicando o produto a cada duas horas. Como os raios ultravioleta estão mais agressivos, as pessoas devem se cuidar com o uso de chapéus, camisetas, protetores, e evitar exposição solar entre as 10h e as 16h.